Entenda o que é bullying e como combatê-lo no ambiente escolar
A escola e a família devem unir esforços para acolher e educar os estudantes envolvidos no problema e minimizar os impactos causados no bem-estar e no funcionamento social
Agressões físicas ou psicológicas promovidas de maneira intencional e sistemática, ou seja, com repetições frequentes contra uma pessoa, é considerado bullying. O termo se tornou comum no ambiente escolar e tem sido alvo de diversas pesquisas que buscam entender suas reais motivações. Elas evidenciam que algumas “causas” alegadas por agressores são questões físicas, culturais e condição socioeconômica no outro. Ana Luisa Vieira, coordenadora do Ensino Fundamental II do Alfa Rede de Ensino, esclarece que o bullying não pode ser entendido como um erro da vítima ou estar relacionado a algo que ela é, que ela fez ou acredita. “O problema dessa atitude normalmente está relacionado à não aceitação das fragilidades e das diferenças do outro e não à vítima”, enfatiza.
A escola, com seu papel educador, em conjunto com a família, deve agir de maneira coordenada e diária para combater o bullying e incentivar o senso de empatia, respeito e compreensão entre os alunos. “Seria ingênuo pensar que apenas uma campanha isolada resolveria a situação, pois não é assim que acontece. O combate ao bullying deve ser uma prática frequente e, por isso, está presente a todo o momento em nossa rotina escolar e em projetos como o de Cidadania e o de LIV”, aponta Ana Luisa, citando dois projetos realizados com os alunos no Alfa Rede de Ensino.
No projeto de Cidadania, os estudantes aprendem a viver em sociedade, a entender a razão pela qual as coisas acontecem e porque a realidade é da forma como se apresenta. É uma oportunidade de analisar todos os aspectos da convivência social e promover aprendizado com base na empatia e no respeito. No Laboratório Inteligência de Vida (LIV), os alunos são convidados a pensar sobre seu lado socioemocional e aprendem mais sobre inteligência emocional – base para lidar com os mais diversos conflitos e situações que podem ocorrer na vida pessoal, escolar e profissional. “Nós enfatizamos que a fala e as atitudes podem determinar significativamente o que o outro sente ou pratica”, observa.

Os estímulos dados em ambos os projetos visam combater as práticas de bullying e evitar consequências como depressão, baixa autoestima e impactos na escola e na vida social, incluindo baixo desempenho escolar e dificuldades de aprendizado. “O professor deve dar o exemplo, principalmente, por ser a liderança dentro da sala de aula. Ele precisa se conectar com os alunos, respeitá-los e permitir que haja um canal de comunicação aberto diariamente para conversar sobre esse e outros assuntos. Dessa forma, acreditamos que é possível vencer o bullying”, considera a coordenadora.
Por outro lado, os pais têm a responsabilidade de conversar com seus filhos. É preciso saber os sentimentos de quem sofre a agressão física ou verbal, entender o que está acontecendo e avisar à escola sobre a situação para que as medidas educativas necessárias sejam tomadas durante a rotina escolar. No caso de quem pratica o bullying, ele deve ser conscientizado de seu erro e incentivado a refletir sobre suas atitudes e motivações. “Precisamos entender os dois lados. No LIV, temos o material da família, no qual são sugeridos assuntos para que os pais possam conversar em casa com seus filhos, com base em valores importantes para o desenvolvimento da criança ou do adolescente. Devemos mostrar que todos podemos ser melhores e que boas atitudes podem impactar positivamente nós mesmos e outras pessoas”, acrescenta.