Atividades sensoriais: brincadeiras que ajudam no aprendizado
Explorar o mundo por meio dos sentidos contribui para o desenvolvimento infantil e enriquece a rotina escolar
Aprender é um processo que precisa estar conectado com a realidade, com o contexto de vida do indivíduo. No caso dos pequenos, o aprendizado deve estar relacionado ao seu dia a dia para ter significado. A teoria sozinha não é capaz de criar conexões que favoreçam a internalização de novos conhecimentos. Sônia Campelo, coordenadora pedagógica do Alfa Rede de Ensino, explica que quanto menor a criança, mais intensa ela é. A ausência de domínio da linguagem verbal torna a sensibilização de outros sentidos ainda mais importante na rotina escolar.
“A linguagem verbal alcança seu estágio de completo desenvolvimento por volta dos seis anos de idade, quando consideramos que a criança deve falar corretamente. Se ela não domina a fala, é difícil aprender apenas com a teoria. Por isso, um dos pilares que trabalhamos no Alfa é o Colocar a Mão na Massa. Essa é nossa estratégia para tornar a informação ou a habilidade que estamos ensinando concreta. E esse colocar a mão na massa tem que ser muito sensorial”, destaca.
Na Educação Infantil, as sensações têm um papel fundamental para auxiliar na descoberta do corpo, dos sentidos, da identidade e dos sentimentos. Essas percepções auxiliam a criança a saber quem é, o que ela é, quais são suas emoções e qual o espaço que ela ocupa. Argila, areia, tinta e massinha são apenas alguns dos materiais utilizados em atividades que estimulam o olfato, o paladar, o tato, a visão e a audição. “Essas sensações devem fazer parte obrigatoriamente dos projetos desenvolvidos com as crianças”, observa.
Outra vantagem de trabalhar com as sensações é a questão lúdica. As crianças aprendem enquanto estão brincando e a escola se torna um local de exploração e conhecimento, onde elas têm liberdade em suas descobertas. “No início do ano, nós apresentamos as estratégias e a linha pedagógica para que os pais entendam como acontecerá o aprendizado. Também temos um projeto chamado Visitando a Minha Sala, que acontece uma vez ao mês. Os pais acompanham os filhos em uma atividade e podem ver de perto como tudo acontece. Muitos pais gostam tanto que seus filhos participem desse tipo de atividade que repetem as experiências sensoriais em casa”, acrescenta.
É interessante observar que a reação de cada um é diferente na realização das atividades sensoriais. Alguns vão gostar de colocar a mão na areia, enquanto outros terão certa resistência. A ideia é promover uma oportunidade para que a criança experimente as sensações e descubra do que ela gosta e do que não gosta, identifique situações agradáveis e desagradáveis, como um sabor azedo, por exemplo.
Segundo Sônia, os alunos definem para eles mesmos quais são os seus gostos e o significado de cada sensação. Essas informações contribuem para a formação de sua identidade e suas escolhas, levando em consideração diferentes formas e perspectivas. “Eles escolhem o que é bom, ruim, gostoso, feio, bonito. Isso enriquece o trabalho, principalmente, porque todos os professores exploram as sensações em seus projetos, desde a aula de música até educação física”, finaliza.