Como ensinar as crianças a lidar com suas emoções

Atividades realizadas na Educação Infantil devem estimular o desenvolvimento de habilidades socioemocionais

 

Alegria, tristeza, felicidade, raiva, empatia e frustração são alguns dos sentimentos com os quais as pessoas lidam diariamente nos mais diversos momentos. Para saber administrar cada situação, ter habilidades socioemocionais é essencial. E é na infância que o indivíduo deve aprender a gerenciar o que sente. Os aprendizados começam já no início da vida escolar. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é na Educação Infantil que a criança deve ser estimulada a desenvolver habilidades para:

 

– Conhecer suas emoções;

 

– Explorar seus sentimentos;

 

– Expressar o que sente.

 

Estas habilidades podem ser desenvolvidas durante a convivência em grupo, nas brincadeiras ou durante atividades planejadas.

 

Identificação

 

Segundo Sônia Campelo, coordenadora pedagógica do Alfa Rede de Ensino, o primeiro passo para a criança ter autoconhecimento e conhecer o outro é identificar seus sentimentos e aprender a conviver com eles. “Para que ela seja capaz de fazer esta identificação, o ideal é sempre verbalizar o que achamos que ela está sentindo quando chora, grita ou faz birra. Isso ajuda ela a entender aquele sentimento e dar nome a ele. Podemos dizer: você está bravo porque queria brincar, mas agora é hora de fazer outra atividade, por exemplo”, explica.

 

Verbalização

 

Depois da verbalização feita pelo adulto, que deve acontecer até que a criança consiga entender o que sente, a próxima etapa é ela conseguir verbalizar o sentimento. Sônia observa que várias atividades podem ajudar a atingir este objetivo. No Alfa existe o Laboratório de Inteligência de Vida (LIV), que visa desenvolver habilidades socioemocionais fundamentais para a formação da criança enquanto cidadã, como trabalhar em equipe, ter disciplina e responsabilidade e saber ouvir, conviver e compartilhar.

 

Entre as estratégias do LIV estão:

–  uso de material de apoio;

–  histórias;

–  figuras;

– brincadeiras;

– jogos de expressão facial e corporal.

 

Também são feitos projetos, como o ouvidor da turma, no qual um aluno é escolhido para ouvir as queixas dos outros sem se manifestar, e o mediador da turma, que funciona com a eleição de um aluno para mediar conflitos e encontrar as melhores soluções sob a supervisão da professora.

 

O mascote é outro artifício utilizado dentro do LIV. Sônia destaca que esta metodologia gera resultados excelentes. Cada aluno tem um caderno de atividades com personagens que fazem parte das histórias trabalhadas naquele ano. Estes personagens são transformados em mascotes e cada turma tem o seu. O boneco participa das atividades em sala e uma vez por semana um dos alunos é sorteado para passar o fim de semana com o mascote. Durante este período, o boneco deve fazer parte da rotina da família e o aluno deve registrar tudo o que aconteceu com fotos ou desenhos. “A criança usa o boneco para dizer o que está sentindo. Ela pode dizer que o Thomas está com sono, sendo que é ela que precisa dormir. Então ela aprende a verbalizar o que sente”, afirma.

 

Administração

 

O terceiro ponto é ensinar a administrar estes sentimentos. Quando a criança percebe que está com raiva, como ela deve agir? O que ela vai fazer com isso e quais são as opções que ela tem? Antes de aprender o que fazer, normalmente ela acaba optando por bater, morder ou empurrar. Para se proteger, os outros se afastam e não brincam mais. “A professora age como uma mediadora. Se o aluno quer brincar com o carrinho vermelho que está com o colega, ela precisa explicar que o amigo está brincando naquele momento e depois ele também poderá brincar. Se ele entende o que está sentindo e sabe quais são as reações que ele pode ter, ele aprende a administrar as situações. A professora faz o planejamento focado em cada etapa, desde a compreensão, a verbalização até a gestão destas emoções”, acrescenta.

 

Ensinar a criança a entender e a conviver com seus sentimentos é uma tarefa de responsabilidade da família e da escola. Por isso é importante que este trabalho seja feito em conjunto para reforçar os aprendizados.


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